sábado, 9 de novembro de 2013

O SÍNODO: FAMÍLIA E EVANGELIZAÇÃO

A missão de pregar o Evangelho a cada criatura foi confiada diretamente pelo 
Senhor aos seus discípulos, e dela a Igreja é portadora na história. Na época em que 
vivemos, a evidente crise social e espiritual torna-se um desafio pastoral, que interpela a 
missão evangelizadora da Igreja para a família, núcleo vital da sociedade e da 
comunidade eclesial. 

Propor o Evangelho sobre a família neste contexto é mais urgente e necessário do 
que nunca. A importância deste tema sobressai do facto que o Santo Padre decidiu 
estabelecer para o Sínodo dos Bispos um itinerário de trabalho em duas etapas: a 
primeira, a Assembleia Geral Extraordinária de 2014, destinada a especificar o “status 
quaestionis” e a recolher testemunhos e propostas dos Bispos para anunciar e viver de 
maneira fidedigna o Evangelho para a família; a segunda, a Assembleia Geral Ordinária 
de 2015, em ordem a procurar linhas de ação para a pastoral da pessoa humana e da 
família. 
Hoje perfilam-se problemáticas até há poucos anos inéditas, desde a difusão dos 
casais de facto, que não acedem ao matrimónio e às vezes excluem esta própria ideia, até 
às uniões entre pessoas do mesmo sexo, às quais não raramente é permitida a adoção de 
filhos. Entre as numerosas novas situações que exigem a atenção e o compromisso 
pastoral da Igreja, será suficiente recordar: os matrimónios mistos ou inter-religiosos; a 
família monoparental; a poligamia; os matrimónios combinados, com a consequente 
problemática do dote, por vezes entendido como preço de compra da mulher; o sistema 
das castas; a cultura do não-comprometimento e da presumível instabilidade do vínculo; 
as formas de feminismo hostis à Igreja; os fenómenos migratórios e reformulação da 
própria ideia de família; o pluralismo relativista na noção de matrimónio; a influência dos 
meios de comunicação sobre a cultura popular na compreensão do matrimónio e da vida 
familiar; as tendências de pensamento subjacentes a propostas legislativas que 
desvalorizam a permanência e a fidelidade do pacto matrimonial; o difundir-se do 
fenómeno das mães de substituição (“barriga de aluguer”); e as novas interpretações dos 
direitos humanos. Mas sobretudo no âmbito mais estritamente eclesial, o 
enfraquecimento ou abandono da fé na sacramentalidade do matrimónio e no poder 
terapêutico da penitência sacramental. 
Do DOCUMENTO PREPARATÓRIO, Vaticano 2013

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