Sair ao encontro das pessoas nas várias
formas de pobreza
A Quaresma é uma “estação espiritual” do ano litúrgico propícia para uma renovação e um reflorescimento da vida cristã a caminho da Páscoa da ressurreição do Senhor. Propõe-nos um percurso e u
ma série de exercícios espirituais (oração, jejum, partilha, leitura orante da Palavra de Deus, retiro, peregrinação) que nos ajudam a rever o nosso estilo de vida, a abrir o coração ao amor misericordioso de Deus e ao seu perdão e a testemunhar maior solidariedade com os frágeis, os pobres, os necessitados.
ma série de exercícios espirituais (oração, jejum, partilha, leitura orante da Palavra de Deus, retiro, peregrinação) que nos ajudam a rever o nosso estilo de vida, a abrir o coração ao amor misericordioso de Deus e ao seu perdão e a testemunhar maior solidariedade com os frágeis, os pobres, os necessitados.
O Papa Francisco enviou-nos uma mensagem com o título “Fez-se pobre para nos enriquecer com a sua pobreza”(2 Cor 8, 9), para dar o tom ao itinerário quaresmal. Com o seu estilo direto sacode as nossas consciências por vezes anestesiadas ou aburguesadas.
1. A graça de Cristo: enriquecidos pelo seu amor
Antes de mais, o Papa convida-nos a contemplar o estilo de Deus na sua relação connosco, o modo de amar de Jesus que se despojou da sua glória e majestade para assumir a nossa condição humana e comunicar-nos a infinita misericórdia divina. É o estilo de quem sai de si para partilhar, se faz dom e vive a solidariedade para nos enriquecer com o seu amor: “um amor que é graça, generosidade, desejo de proximidade, não hesitando em doar-se e sacrificar-se pelas suas amadas criaturas. A caridade, o amor é partilhar em tudo a sorte do amado. O amor torna semelhante, cria igualdade, abate os muros e as distâncias. Foi o que Deus fez connosco”. Este modo de nos amar é expresso numa tríplice atitude “de compaixão, de ternura e de partilha”.
Perguntemo-nos: acolhemos esta riqueza do amor de Deus no nosso coração? Deixamo-nos envolver pelo estilo e modo de nos amar próprio de Jesus?
2. O nosso testemunho: sair ao encontro das pessoas em pobreza
De seguida, o Santo Padre chama-nos a levar o amor solidário às periferias humanas de todas as formas de pobreza, “a tocá-las, a ocupar-nos delas e a trabalhar concretamente para as aliviar”. Somos chamados a descobrir Cristo nos pobres, a aprender a estar com eles, a (sa)ir ao seu encontro nas várias formas de pobreza: a pobreza material daqueles que vivem numa condição indigna da pessoa humana, privados dos direitos fundamentais e dos bens de primeira necessidade; a pobreza moral dos dependentes do vício do álcool, da droga, do jogo, da prostituição, da pornografia; a pobreza espiritual de quantos “nos afastamos de Deus e recusamos o seu amor”.
Estas situações não podem deixar de nos interpelar. “Portanto, é necessário que as consciências se convertam à justiça, à igualdade, à sobriedade e à partilha”. Torna-se urgente construir uma cultura da solidariedade para vencer a tentação da indiferença.
No espírito penitencial da Quaresma far-nos-á bem questionar-nos: de que podemos privar-nos a fim de ajudar e enriquecer a outros com o nosso desprendimento? Façamo-lo com seriedade e generosidade.
Nesta linha, comunico que a renúncia quaresmal da nossa diocese se destina à missão do Gungo, em Angola, onde estão missionários nossos, para construir o Centro missionário que sirva para a promoção humana e espiritual daquele povo.
3. Viver em família com a graça de Cristo
Neste ano pastoral dedicado à família que surge do matrimónio e forma uma comunidade de vida, de amor e de fé, o tempo da Quaresma é propício para uma revisão e renovação da qualidade de vida espiritual de cada lar. Na base da beleza e da alegria de viver em família está a presença de Deus, a graça do seu amor acolhedor, misericordioso, paciente e respeitador de todos, capaz de criar a harmonia das diferenças superando o individualismo que divide.
Peço, pois, aos pais o empenho de cuidarem de um momento especial de oração em família e de participarem na interessante campanha da catequese para a Quaresma 2014 sob o lema: “Dizer a beleza e a alegria de viver em família: palavras-chave na relação familiar”.
Peço também a todas as comunidades, em especial aos párocos, que organizem da melhor forma o tradicional “Retiro do Povo de Deus” e incentivem as famílias a participar uma vez que está orientado para alimentar nelas a espiritualidade do amor e da comunhão com o título: “Viver em Família com a graça de Cristo”.
Convido ainda todos a participarem na peregrinação diocesana a Fátima, no dia 6 de abril, este ano com o tema “Com Maria, testemunhar o amor conjugal como dom e vocação”.
A todos desejo uma frutuosa Quaresma e alegre Páscoa da Ressurreição!
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