Questão é das mais debatidas na preparação para a reunião extraordinária de bispos católicos marcada para outubro
As propostas pastorais para os católicos divorciados que voltaram a casar está a ser um dos temas centrais no debate preparatório para a próxima assembleia extraordinária do Sínodo dos Bispos, marcada para outubro, no Vaticano. Os trabalhos sobre os ‘desafios pastorais sobre a família’ têm o desafio de mostrar “uma Igreja fiel a Cristo mas misericordiosa com as pessoas recasadas”, sustenta o padre Jorge Teixeira da Cunha, diretor-adjunto do núcleo do Porto da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa (UCP). O especialista comenta, em texto publicado na mais recente edição do Semanário ECCLESIA, o texto de D. Walter Kasper, que introduziu os trabalhos da reunião extraordinária de cardeais de 21 e 22 de fevereiro deste ano. O cardeal alemão foi alvo de várias críticas, na sequência do debate sobre uma possível admissão de divorciados recasados à Comu
nhão, depois de um período de “nova orientação (metanoia)” e da Confissão.
Após o consistório, o cardeal Gerhard Müller, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, reafirmou em entrevista que os que vivem num estado de vida contrário à “indissolubilidade” do Matrimónio estão impedidos de receber a Comunhão. Para o padre Jorge Teixeira da Cunha, o texto do cardeal Walter Kasper é “um exemplo excelente de teologia moral e pastoral”, que “expõe magistralmente a riqueza e a promessa do sacramento do matrimónio, uno e indissolúvel, prometido por graça à convivência conjugal de todos os seres humanos”. “Porém, a Igreja está confrontada com o fracasso real de muitos matrimónios, fracasso que causa sofrimento a muitas pessoas. Em lugar de repetir simplesmente a doutrina da indissolubilidade e deixar para trás quem fracassou, trata-se de propor uma praxis de misericórdia, ‘uma segunda nave’ a quem dela necessita”.
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